Com o amadurecimento do comércio eletrônico e o predomínio de grandes players, o mercado de publicidade digital — particularmente os Retail Media Networks (RMNs) — tornou-se uma arena estratégica. Vamos abordar os principais pontos desse novo cenário, com análise dos desafios, oportunidades e possíveis caminhos para varejistas que queiram apostar forte nesse modelo, incluindo implicações para o mercado brasileiro.
Para que os varejistas consigam concorrer no mesmo patamar das grandes plataformas varejistas digitais é preciso ter os seguintes pilares:
1- Estrutura organizacional apropriada: Times dedicados à mídia e ao varejo precisam trabalhar alinhados. É diferente vender produtos e vender espaço publicitário. Uma postura de “vendedor de mídia” é exigida;
2- Dados de primeira parte (first-party data) de qualidade: fidelização, registro de comportamento de compra, histórico de navegação, preferências. Quanto melhor for a segmentação, mais valiosa será a RMN;
3- Variedade de formatos de anúncios: digital (site, app, display, listagens patrocinadas) + formatos físicos (telões em loja, displays instore) + parcerias externas (streaming, CTV, redes sociais) para cobrir todo o funil — conscientização, consideração, conversão;
4- Ferramentas de mensuração robustas: ROAS, iROAS, lift de vendas, impacto na marca. Uso de machine learning, testes A/B, métricas padronizadas;
5- Modelo de negócio bem definido: modos de operação como self-service para anunciantes, serviços gerenciados (quando necessário), alianças estratégicas para expandir alcance (ex: merchandising, mídia externa, parcerias de conteúdo).
Para competir de igual para igual com os grandes players é preciso:
Selecionamos 6 fatores para concorrer nesse mercado:
1- Investir em dados de cliente: programas de fidelidade, CRM, integração de dados online/offline. No Brasil, isso pode significar fortalecer iniciativas de fidelização nas lojas físicas, usar cartões de cliente, apps de varejo, etc;
2- Criar alianças ou parcerias: para ampliar alcance ou para oferecer formatos que não dominam internamente (por exemplo, mídia exterior digital, streaming local, mídias CTV, ou parcerias com plataformas sociais);
3- Desenvolver capacidades de agência interna: oferecer às marcas não só espaço de anúncio, mas consultoria, planejamento e insights. O varejista pode se tornar um parceiro estratégico, não apenas fornecedor de inventário;
4- Focar no omnicanal: combinar loja física, digital, mobile, app. Isso permite capturar diferentes momentos da jornada do cliente e fornecer métricas mais completas;
5- Transparência e mensuração: adotar métricas que marcas confiam, disponibilizar dados e relatórios claros, realizar experimentos para provar impacto;
6- Inovação em formatos físicos: usar locais de alta visibilidade dentro das lojas (como quiosques digitais, telas, pontos de venda) para publicidade instore. Isso diferencia em relação a plataformas puramente digitais.
Algumas particularidades do Brasil merecem atenção:
Não basta os varejistas terem apenas tráfego ou loja física: é preciso construir capacidades de mídia, cultivar dados de qualidade, adotar modelos de operação modernos, prover formatos atraentes às marcas, medir tudo com clareza, e pensar o negócio de publicidade como uma área de receita própria, não apenas acessória.
Há espaço para os varejistas se diferenciarem em nichos, em atuação regional, em formatos locais ou com excelência operacional. No Brasil, isso pode representar uma grande oportunidade ainda pouco explorada.